quarta-feira, 3 de março de 2010

A insistência

Era tanta gente falando que eu deveria ter um cachorro que chegava a me irritar... Sabe quando você ouve N vezes a mesma conversa e você já sabe de cor e salteado qual será a continuação? Você não acredita em nada daquilo que estão falando, mas mesmo assim tem que ouvir tudo até o fim? Comigo era assim... Eu precisava respirar fundo e enquanto aqueles pensamentos ruins a esse respeito passavam pela minha cabeça, esperava impacientemente a pessoa concluir.

Como tudo costuma acontecer na minha vida, agi por impulso, e tudo que vinham me falando há muito tempo “de repente, não mais que de repente”1, começou a fazer sentido, ainda mais quando uma grande amiga Karol, (guardem esse nome pois sempre aparecerá por aqui) também teve essa idéia e diferentemente das outras pessoas, ela me falou tantos argumentos que eu resolvi: Sim, eu preciso de um cachorro!!!

1 Poe, Edgar Allan _ O Corvo

terça-feira, 2 de março de 2010

Para começar...

Antes de me tornar o que hoje considero ser adulta, minha vida mudou demais, pela primeira vez, eu que nunca havia pensado em viver longe da minha mãe fui para outro estado em outra região do país a mais de mil quilometros de distância.
Não sei se a situação contribuiu, mas entrei em um processo depressivo bastante complicado.

Amigos e conhecidos no anseio de colaborar, me falavam: adote ou compre um cachorro, isso mudará sua vida. Já havia tido cachorros quando criança e amava, mas quem cuidava deles era a minha avó e sabe aquela coisa... gosto de cachorro, mas no quintal e tratamento era o convencional para os cães na época. Um viveu comigo na década de 80 e outro na de 90.
Tenho ótimas lembranças deles, mas nunca havia vivenciado o trabalho e a responsilidade de ser uma dona, ou como prefiro falar, uma mãe de cachorro.
Quando vinham me falar que deveria ter um, minha resposta já estava pronta na cabeça: não tenho tempo, dá trabalho, não consigo cuidar nem de mim. E na imaginação vinham imagens da sujeira do bichinho, o terror de imaginar choros noturnos, o cheiro que deixaria no apartamento e minha roupa cheia de pêlos.
Pra mim era realmente inadmissível ter um cão.